Hugo Souza amplia recorde de pênaltis defendidos: ‘Merecemos o título
Hugo Souza apareceu quando o Corinthians mais precisou dele, novamente, e defendeu o pênalti cobrado por Raphael Veiga, do Palmeiras, que teria empatado os 180 minutos da decisão do Campeonato Paulista de 2025. No fim, o jogo terminou em 0 a 0 e o clube alvinegro foi campeão por ter vencido o jogo de ida por 1 a 0, em mais uma grande atuação do goleiro, que chegou à incrível marca recorde de sete pênaltis defendidos em apenas nove meses.
Ele já tinha impedido um gol do rival da mesma maneira já no estadual deste ano, quando pegou uma cobrança de Estevão em jogo válido pela sétima rodada. Curiosamente, o Corinthians também teve um expulso naquela partida, assim como Félix Torres foi punido com o cartão vermelho na grande final.
O número representa um recorde pessoal para ele. Somente pelo Corinthians, ele defendeu mais pênaltis do que a somatória de todas suas passagens por Flamengo, onde foi revelado, e Chaves, de Portugal. Pelos dois clubes, superou o batedor adversário em seis oportunidades.
O desempenho não somente na decisão, como no Paulista como um todo, o coloca como candidato à próxima convocação da seleção brasileira. Alguns já pediam o jogador no último elenco verde e amarelo, que venceu a Colômbia e perdeu de goleada da Argentina, mas foram convocados Alisson, Ederson e Bento. O primeiro chegou a ser cortado, mas, novamente, não foi o arqueiro do Corinthians que foi chamado, e sim Weverton, do Palmeiras.
“Agradecer a Deus. Sou muito grato a tudo aquilo que tem acontecido na minha vida. Agradecer a todos que estão do meu lado, me ajudando a me empenhar, ser melhor todos os dias”, celebrou o goleiro. “Sendo o melhor todo dia as coisas acontecem. Esse clube, esse time merece. Que volte a ser rotina e é isso que a gente vai buscar. Deus me abençoou em um pênalti, nem em melhores sonhos, poderia sonhar com isso, mas fomos felizes e saímos campeões”, comemoru o herói do jogo.
“Tenho muito a agradecer a essa torcida também, que me apoiou, em abraçou. Eu sempre quis dar certo com essa camisa e espero que seja a primeiro caneco de muitos”, seguiu, emocionado. “A gente sonhou muito por isso, lutou muito por isso. O Yuri (Alberto) teve não sei quantas propostas para ir embora e quis ficar para ser campeão. Garro tem proposta milionária que todos sabem e ficou no Corinthians. Memphis sempre quis ser campeão. Eu só queria fazer acontecer. E hoje valeu à pena.”
O título de 2025 representa muita coisa para o time alvinegro: primeiro, o fim de um jejum que já durava seis anos sem a conquista do estadual; segundo, uma premiação de quase R$ 50 milhões, somando a cota de participação mais a premiação pelo título; e por último, a recuperação no começo de temporada após a precoce eliminação na Libertadores para o Barcelona, que anima a equipe para o Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana.
OS PÊNALTIS DEFENDIDOS POR HUGO SOUZA:
Cristaldo – Grêmio 0 (1) x (3) 0 Corinthians – Copa do Brasil 2024 (disputa de penalidades).
Gustavo – Corinthians 1 (5) x (4) 2 Red Bull Bragantino – Copa Sul-Americana 2024 (disputa de penalidades).
Douglas Mendes – Corinthians 1 (5) x (4) 2 Red Bull Bragantino – Copa Sul-
Americana 2024 (disputa de penalidades).
Guilherme Lopes – Corinthians 1 (5) x (4) 2 Red Bull Bragantino – Copa Sul-Americana 2024 (disputa de penalidades).
Pablo Dyego – Novorizontino 0 x 1 Corinthians – Campeonato Paulista 2025 (tempo normal).
Estevão – Palmeiras 1 x 1 Corinthians – Campeonato Paulista 2025 (tempo normal).
Raphael Veiga – Corinthians 0 x 0 Palmeiras – Campeonato Paulista 2025 (tempo normal).
por: Folha de Dourados
Corinthians supera eliminação e política conturbada para coroar boa fase com título
O empate no clássico com o Palmeiras garantiu ao Corinthians o título do Paulistão 2025, primeiro troféu erguido pelo time do Parque São Jorge desde 2019. Apesar de encerrar bem o ano passado e iniciar a temporada de maneira positiva, os comandados do técnico Ramón Díaz flertaram como desastre e tiveram de superar o baque da eliminação na fase preliminar da Copa Libertadores, além de evitar que a conturbada política do clube contaminasse o ambiente, para confirmar a boa fase vivida pela equipe.
O Corinthians começou 2025 de maneira exemplar, igualando a maior sequência de triunfos (dez) consecutivos do clube no século. Mesmo rodando o elenco para não desgastar os principais jogadores, uma preocupação externada com frequência pela comissão técnica, o time alvinegro encerrou a fase de grupos do Paulistão com a melhor campanha: oito vitórias, três empates e apenas uma derrota. Assim, ganhou o direito de decidir em casa até o fim do Estadual – [no total da temporada, são 13 vitórias, quatro empates e duas derrotas.
Entre os jogos mais memoráveis da campanha estão as duas vitórias por 2 a 1 sobre o Santos. O Corinthians anulou Neymar no primeiro confronto, cujo herói foi Yuri Alberto, autor dos dois gols alvinegros – o segundo, em linda trama com Rodrigo Garro e Depay. No segundo, o trio voltou a ser decisivo para colocar a equipe na final.
Assim como em 2024, a política corintiana se manteve quente. O ponto de ebulição foi atingido no fim de janeiro, quando o Conselho Deliberativo se reuniu para votar o impeachment do presidente Augusto Melo, acusado de gestão temerária no polêmico caso do “laranja” envolvendo o contrato com a Vai de Bet. A reunião no Parque São Jorge foi marcada por discussões ríspidas, empurra-empurra e terminou sem definição.
Por 126 a 114, os membros referendaram o avanço da votação, que ainda não tem data para acontecer. O mandatário acusa os rivais de “golpe” e se apega ao estatuto, uma vez que a Comissão de Ética e Disciplina recomendou a suspensão do processo até o fim das investigações da Polícia Civil. A saída dos conselheiros do ginásio foi marcada por muita confusão. Apoiadores de Augusto Melo xingaram Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo. Rubão, ex-diretor de futebol, e Andres Sanchez, ex-presidente, também foram alvos de ofensa.
Dentro das quatro linhas, nem tudo foi perfeito também, claro. A defesa demonstrou ser o calcanhar de Aquiles do Corinthians neste primeiro momento do ano. Antes do segundo jogo da final com o Palmeiras, o time alvinegro só não foi vazado em seis das 19 partidas de 2025. A vulnerabilidade atrás ficou evidente no confronto com a modesta Universidad Central da Venezuela (UCV), na segunda fase da Libertadores. O time empatou por 1 a 1 fora de casa, e precisou suar a camisa em Itaquera para avançar de fase, vencendo por 3 a 2 depois de deixar o adversário igualar o placar por duas vezes.
Diante do tradicional Barcelona de Guayaquil, o Corinthians teve uma atuação de exceção na temporada. Com um esquema com três zagueiros, o time errou tudo e saiu do Equador com um 3 a 0 nas costas, com direito a bate-boca “pesado” entre os jogadores no vestiário, e o executivo de Fabinho Soldado precisou conter os ânimos dos atletas. A queda precoce na Libertadores colocou Ramon em xeque. Alguns conselheiros entenderam que o trabalho do treinador argentino havia “batido no teto”, e a saída seria natural.
Em São Paulo, uma aguerrida vitória por 2 a 0 não foi o suficiente para garantir a vaga na fase de grupos, mas o brio demonstrado pelo time manteve Ramón no cargo. A partida também marcou a definição de Félix Torres e Gustavo Henrique como titulares na zaga. A dupla começou o ano no banco, afetada por lesões, mas ganhou a confiança da comissão técnica e foi mantida desde então. O experiente lateral-esquerdo argentino Fabrizio Angileri, única contratação do clube no ano, foi outro quem agarrou a titularidade e não largou mais.
A vitória contra o Palmeiras no Allianz marcou a redenção do Corinthians após a traumática eliminação na fase preliminar da Libertadores, a terceira do clube na história. Jogando no Allianz Parque, casa do rival, o time alvinegro demonstrou segurança na defesa e conseguiu neutralizar as investidas da equipe palmeirense, cuja dificuldade na articulação de jogadas foi o principal entrave. Na frente, Yuri Alberto demonstrou o faro artilheiro habitual e marcou o gol da vitória, em lance iniciado por Memphis Depay.
O título do Paulistão 2025 dá tranquilidade ao Corinthians para manter um time competitivo independentemente da intempestiva política do clube, além de ser forte o suficiente para buscar outros troféus em competições de mata-mata, como a Copa do Brasil e Sul-Americana. O futebol apresentado pela equipe também demonstra capacidade de fazer campanha digna no Brasileirão. O primeiro desafio pela competição nacional será no domingo, às 20h, contra o Bahia, em Salvador.
(Estadão)
Por: Folha de Dourados.
Corinthians e Palmeiras decidem título do Paulistão; saiba onde assistir e escalações
Nesta quinta-feira, 27, Corinthians e Palmeiras se enfrentam no último jogo da final do Paulistão 2025. A Neo Química Arena, estádio corintiano, será o palco da decisão. A bola começa a rolar a partir das 21h35, horário de Brasília.
O primeiro confronto da decisão aconteceu no domingo, 16. Depois de uma parada por conta da Data Fifa, que se encerrou na última terça-feira, 25, as equipes agora tem pela frente um duelo que pode ser fundamental para o restante da temporada, valendo o primeiro título para ambas as equipes em 2025.
No jogo da ida, no Allianz Parque, o Corinthians surpreendeu e venceu o Alviverde por 1 a 0, gol de Yuri Alberto. Agora, o Palmeiras precisa vencer na casa do adversário para conquistar o título, alcançando um tetracampeonato inédito para o clube.
Uma vitória simples do Palmeiras, por um gol de diferença, leva a decisão para os pênaltis. O triunfo por 2 ou mais gols de diferenças garante o título ao Verdão. O Corinthians, por outro lado, precisa de apenas um empate para levantar o troféu.
Onde assistir a final do Paulistão?
O confronto final entre Corinthians e Palmeiras terá uma transmissão diversificada em diferentes canais e plataformas: Record (TV aberta), Portal R7 (site), PlayPlus (streaming), TNT (TV fechada), MAX (streaming), Uol Play (streaming), Nosso Futebol (pay per view e streaming) e Zapping TV (streaming).
Escalações
Os técnicos Abel Ferreira e Ramon Diaz ainda tem dúvidas sobre a escalação inicial de suas equipes para o confronto decisivo. Ao todo, 11 jogadores, sendo cinco do Corinthians e seis do Palmeiras, foram convocados para a Data Fifa, que se encerrou nesta terça-feira, 25. Com cerca de 48 horas para recuperar os atletas, os treinadores ainda aguardam para saber quem estará 100% para o jogo decisivo.
Além disso, ambos os times possuem jogadores no DM, mas em reta final de recuperação. Rodrigo Garro, do Corinthians, ficou apenas no banco de reservas no primeiro jogo, mas treinou em dois períodos durante a pausa para se recuperar a tempo da final. Do lado alviverde, Maurício pode ser a novidade para o clássico.
Caso todos os jogadores convocados e os recuperados de lesões estejam disponíveis, Corinthians e Palmeiras devem entrar em campo da seguinte maneira:
Corinthians: Hugo Souza; Matheuzinho, Gustavo Henrique, Félix Torres e Angileri; José Martínez, André Carrillo, Raniele e Rodrigo Garro (Romero); Memphis Depay e Yuri Alberto.
Palmeiras: Weverton; Marcos Rocha (Mayke), Murilo, Micael e Piquerez; Emi Martínez, Aníbal Moreno (Richard Ríos) e Raphael Veiga; Estêvão, Facundo Torres (Mauricio) e Vitor Roque
Arbitragem
- Árbitro: Matheus Delgado Candançan
- Auxiliares: Neuza Ines Back e Danilo Ricardo Simon Manis
- VAR: Daiane Muniz
por: Folha de Dourados
Renato Russo, ícone do rock brasileiro, celebraria 65 anos neste 27 de março
Se estivesse vivo, Renato Russo, músico que, para muitos, é considerado o maior poeta do rock brasileiro, completaria nesta quinta-feira (27) 65 anos.
Sua morte precoce em 1996, aos 36 anos, encerrou um legado artístico que certamente seria ainda maior, caso ele não tivesse sido mais uma, entre as tantas vítimas da aids naqueles anos.
Aproveitando a data de hoje, tão importante para os fãs do artista quanto para a cena musical brasileira, a Agência Brasil conversou com algumas pessoas que conviveram com Renato Russo, na expectativa de imaginar como ele estaria e o que estaria fazendo aos 65 anos, caso estivesse vivo.
“Meu irmão já teria largado a música”
Uma pista sobre como estaria Renato Russo, caso estivesse presente neste aniversário, é dada pela própria irmã do músico, Carmen Teresa.
“Na minha opinião, acho que ele já teria largado a música há muito tempo. Acho que ele estaria fazendo outra coisa”, disse à Agência Brasil a irmã de Renato Russo.
“[Renato] já vinha se sentindo cansado desse sistema mercadológico todo; da pressão dos contratos; dos shows, das turnês e do palco, onde ele sentia um certo desconforto de estar porque tinha medo, apesar de, depois, quando começava o show, ele realmente se sentir bem”.
Amigo de longa data de Renato Manfredini Júnior, nome que consta da certidão de nascimento de Renato Russo, Marcelo Beré, integrante do premiado Circo Teatro Udi Grudi, diz acreditar que, do ponto de vista profissional, o poeta roqueiro teria ampliado seus horizontes para outras áreas, caso ainda estivesse vivo. Em especial, para a literatura e o cinema.
“Renato escrevia compulsiva e compulsoriamente, uma vez que o terapeuta dele o instruiu a escrever pelo menos uma página por dia em seu diário. Ele, no entanto, escrevia bem mais do que isso, e dizia que tinha a intenção de fazer um livro.”
Em tom de brincadeira, Beré chega a dizer que “certamente o Renato estaria entre os candidatos à Academia Brasileira de Letras ou algo do tipo”, caso tivesse dado continuidade à ideia de se tornar escritor. “Não tenho dúvida de que ele estaria fazendo algo relacionado à escrita”, disse.
“Nas últimas oportunidades em que conversamos, ele falava também sobre sua vontade de escrever para o cinema, o que é muito curioso, já que algumas de suas músicas acabaram virando filme”, lembrou.
Festivais de cinema
Assim como Beré, Eduardo Paraná, o primeiro guitarrista da Legião Urbana, imagina que Renato poderia estar hoje envolvido com literatura e cinema. Eduardo Paraná, que atualmente adota o nome artístico de Kadu Lambach, acha que, aos 65 anos, o amigo estaria bem recluso em sua casa e em seu universo, lendo e interpretando esse mundo em que a gente vive.
"Estaria ligado em algumas tecnologias. Ele ia ficar ali bem quietinho, participando escondido das redes sociais. Certamente, interpretando o mundo e traduzindo ele em músicas e em cinema”, diz o parceiro musical de Renato Russo.
Autor do livro Música Urbana: O Início de uma Legião, com o jornalista André Molina, Kadu Lambach diz que o vínculo de Renato com o cinema era antigo.
“Ele sempre estava ligado nos festivais de cinema da cidade”, lembra o músico, ao citar festivais como os promovidos em Brasília pela Caixa Econômica Federal, pela Cultura Inglesa, onde Renato chegou a dar aula, e por embaixadas como as da Índia, da Alemanha, da Espanha e da antiga União Soviética.
Cineasta de mãos cheias
Segundo Lambach, Renato fazia isso porque se incomodava em ver as pessoas da turma, muitas delas mais novas do que ele, sem ter o que fazer, em uma cidade que, na época, de fato, não tinha muitas alternativas culturais.
“Realmente acredito que, caso o Renato ainda estivesse vivo, certamente estaria vinculado e focado no cinema. A meu ver, ele teria se tornado um cineasta de mão cheia. Um roteirista maravilhoso Não tenho dúvida sobre isso. Usaria da sétima arte para transformar muitas histórias em filmes maravilhosos.”
O músico também não duvida de que Renato Russo estaria, de alguma forma, atuando na área jornalística. “Talvez escrevendo artigos, ensaios de teatro e de cinema, e, talvez, na escrita literária. Provavelmente até mais do que na música”, concluiu.
Antifascista
Marcelo Beré diz ter certeza de que Renato teria um posicionamento muito claro com relação ao atual cenário político brasileiro. “Ele era um cara extremamente antifascista, até o último fio de cabelo e até a última célula de seu corpo. Era radicalmente contra qualquer tipo de autoritarismo e extremamente libertário, com princípios democráticos muito claros”, disse Beré à Agência Brasil.
“Com toda certeza, ele estaria do lado das pessoas que querem ver o [ex-presidente] Bolsonaro preso; que querem democracia no país; que querem ver as coisas esclarecidas. E jamais apoiaria anistia para golpistas”, acrescentou.
A afirmação do artista circense tem por base diversas situações pelas quais passou junto com Renato. Algumas situações envolviam conflitos com os chamados skinheads, grupos de carecas nacionalistas de extrema direita, simpatizantes do fascismo, que, na época, disputavam espaços com os punks da capital federal.
“Certa vez, quando estava a caminho da minha casa, Renato foi agredido por um grupo de skinheads fascistas na 504 Sul [quadra localizada no Plano Piloto, em Brasília]. O bando partiu para cima dele e de alguns amigos. Renato chegou lá em casa pálido, chorando e muito emocionado, revoltado com a violência desses grupos”, lembrou Beré.
Extremamente humanista
Outra pessoa que se considera privilegiada por ter convivido com Renato Russo é Militão Ricardo, professor universitário, jornalista e integrante de bandas brasilienses durante os anos 80.
“Não imagino que, se ainda estivesse vivo, o Renato fosse se deixar encantar por jargões e histórias de correntes ideológicas e populistas que vemos no atual cenário político do país, tanto da direita quanto da esquerda. Ele tinha uma visão extremamente humanista e não se deixava levar por coisas rasas”, diz o professor de Produção Multimídia do UniSenac, no Rio Grande do Sul.
Militão conheceu Renato em 1981, durante a Expoarte, evento artístico organizado pelos alunos da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB). “A partir dali, começamos a nos encontrar principalmente em shows e bares. A gente gostava muito de conversar, porque, a exemplo dele, eu também fazia jornalismo e era muito interessado em história do rock”, lembra Militão.
Foram muitas trocas e empréstimos de livros e discos entre os dois amigos. “Conversávamos muito sobre a indústria fonográfica. Ele já tinha uma visão [aprofundada] do que era a indústria do disco, da importância que TV, rádio, jornais e a imprensa tinham”, recorda o professor universitário.
“Era muito legal conversar com ele porque era um cara muito culto e inteligente, com muito estudo. Lembro de vê-lo, em uma festa na UnB, conversando em inglês, com um cara, sobre filosofia grega. Saí até de perto, porque eu não conseguia acompanhar, apesar de até falar inglês”, lembra Militão.
Pensamento crítico
Tendo por base não só o lado social, mas também o convívio familiar e a personalidade de Renato, Militão diz acreditar que, se estivesse vivo, Renato apresentaria “visões que surpreenderiam muita gente” no contexto atual.
“Ele tinha um pensamento muito crítico, enxergando defeitos e virtudes não de dois, mas de todos os lados. Não era um cara dicotômico. Para ele, isso não era suficiente para explicar o mundo. Seu lastro intelectual não lhe permitia ficar no superficial das coisas. Por isso, acho que se estivesse vivo hoje, aos 65 anos, com a maturidade que a idade teria trazido, seria um cara mais sereno, oferecendo visões e colocações muito agudas.”
Irmã corrobora amigos
Em termos gerais, as projeções apresentadas pelos amigos de Renato Russo à Agência Brasil – sobre novos desafios que Renato estaria encarando do ponto de vista profissional, caso estivesse vivo – são as mesmas imaginadas pela irmã do artista.
“Acho que seria a época de ele fazer cinema, que era uma coisa que ele adorava. Renato era um cinéfilo. Um amante do cinema. Entendia muitíssimo dessa arte. E, quando chegasse aos 75 ou 80 anos – talvez até um pouco antes –, ele iria para escrita. Seria um escritor”, confirma Carmem Teresa.
por: Dourados Informa
Câmara de Dourados realiza 4ª Feira de Artesanato Mestre Cilso
A Câmara de Vereadores de Dourados promove a 4ª edição da Feira de Artesanato Mestre Cilso. O evento começou ontem e segue até esta sexta-feira (28), celebrando a cultura e a produção artesanal local. Conta com a participação de 30 artesãos, oferecendo variedade de produtos como confeitaria, doces, geleias, pães, méis, tricô, crochê, decorações em tecido, materiais reciclados, bijuterias em pedras, arte sacra, aromatizadores, artesanato indígena e moda pet.
A abertura oficial ocorreu na manhã desta quarta-feira, com a presença de diversas autoridades. O vereador Laudir Munaretto (MDB), idealizador da feira, destacou a relevância do evento para a valorização dos artesãos locais. “Não se trata apenas de um evento, mas de um movimento para fortalecer e perpetuar a riqueza do artesanato douradense”, afirmou.
O presidente da Comissão de Cultura da Câmara, vereador Franklin Schmalz (PT), ressaltou o trabalho do grupo em incentivar a cultura local e buscar espaços fixos para exposições. O vereador Sérgio Nogueira (PP) fez uma reflexão sobre o valor do trabalho e do servir. “Servir a Jesus é servir ao próximo, e servir ao próximo é servir a Jesus. O trabalho dos artesãos é uma expressão de dedicação e talento”, enfatizou.
A secretária de Cultura de Dourados, Gisela Silva Mello, destacou a colaboração entre sua pasta e a Secretaria de Agricultura para fortalecer a feira. “Nosso objetivo é ampliar esse evento, garantindo apoio institucional para que ele continue crescendo”, afirmou.
Entre os expositores, a artesã Dora Vasconcelos compartilhou suas expectativas. “No ano passado, tive ótimas vendas. Esta feira é um momento único para mostrar nosso trabalho e reforçar a importância do artesanato na cultura local”, disse. Especializada em mandalas bordadas à mão, Dora também destacou a necessidade de um espaço fixo e estruturado para as feiras na cidade. “No Parque dos Ipês, onde nos reunimos às terças-feiras, é necessária uma melhor infraestrutura”, pontuou.
Evelyn Tibúrcio, filha do homenageado Mestre Cilso, ressaltou a importância de manter viva a luta iniciada por seu pai. “Participar desta feira é um resgate histórico. Quando criança, eu via meus pais expondo, e hoje vejo a segunda geração dando continuidade a esse legado”, comentou. Ela ainda sonha com a criação de uma Casa do Artesão em Dourados, nos moldes da existente em Campo Grande. “Esse espaço representaria o reconhecimento e a valorização dos artesãos locais”, destacou.
A cerimônia de abertura também contou com a presença dos vereadores Elias Ishy (PT) e Pedro Pepa (União Brasil).
Mestre Cilso: um legado para o artesanato douradense
Cilso Aparecido Tibúrcio dedicou mais de 30 anos ao artesanato em Dourados. Nascido em Buritama (SP), chegou ao município em 1972, onde fundou o ateliê "Mão na Massa", no Altos da Rua Monte Alegre. Mestre Cilso se especializou em técnicas de cerâmica e foi pioneiro na queima em forno Noborigama, um método milenar chinês aprimorado pelos japoneses.
Participante ativo de feiras, exposições e oficinas, ele também ministrava palestras para compartilhar seu conhecimento. Faleceu em 29 de fevereiro de 2020, vítima de uma infecção generalizada, deixando quatro filhos, seis netos e um legado imensurável para o artesanato douradense. Sua filha, Evelyn Tibúrcio, segue com dedicação os passos do pai, perpetuando sua história e influência na cultura local.
Horarios
A Feira de Artesanato Mestre Cilso ocorre no saguão da Câmara Municipal das 7h às 13h.
A sede do Legislativo está localizada na sala 6 do Shopping Avenida Center de Dourados.
O endereço é: Av. Marcelino Pires, 3600 - Jardim Paulista, Dourados - MS
Por: Dourados Informa.